terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

A relação existente entre os diversos povos Indígenas antes e durante o período colonial

06/02/2018                 10:40


ARTIGO


POR; SANDER BARBOSA PEREIRA




O contexto das diversas populações indígenas antes do período colonial remonta sobre a questão da presença do homem no continente americano e que desperta grandes debates de diversos pesquisadores, cada qual defendendo seus estudos e pesquisas.

Destes podemos citar um destes estudos, de que o ponto de partida para a chegada à América seria pela entrada do estreito de Bering no Alaska e culminando também com a chegada à América do Sul, como bem diz Júlio Cezar Mellati há uma possibilidade de este estudo ter um certo consenso de que o homem não surgiu na América. 

Nos estudos realizados pelos arqueólogos Gilson Rodolfo Martins e Emília Kashimoto, apontam uma área total de oito milhões de quilômetros km²; isto é, essa área é maior que a “União Europeia (quatro milhões e trezentos mil km²)”.

Os primeiros habitantes das Américas provavelmente não teriam uma anatomia próxima à aparência mongólica, a exemplo dos índios em geral e dos esquimós. Para os autores, datações arqueológicas obtidas no Chile, México, Argentina, Brasil, e mesmo no EUA remetem a vestígios primordiais da presença do homem para momentos que segundo estudos da genética das Populações, a anatomia mongólica ainda não existia no espectro da evolução do homem moderno, isto é, anterior a quinze mil anos, o que os pré-historiadores chineses não concordam. Ou seja, a partir daí, após sofisticados estudos de morfologia craniana sobre alguns raríssimos crânios humanos remanescentes do último milênio do período glacial e do Holoceno arcaico, surgiram hipótese de que o perfil anatômico dos primeiros americanos estaria mais próximo do perfil dos aborígenes da Oceania ou, como também, de povos semi-negróides do sudoeste asiático.
 (MARTINS; KASHIMOTO, 2012, p, 19 e 20).

* Nota de rodapé 
  (MARTINS; KASHIMOTO, 2012, p, 19 e 20).  Ambos os pesquisadores apontam para a semelhanças de que os primeiros habitantes tem a aparência mais próxima dos aborígenes da Oceania do que da mongólica.


Dentro das relações de identidades dos diversos povos indígenas a cerâmica destaca-se por ser possível compreender os costumes de armazenagem de produtos, comida e bebida conforme estudos da pesquisadora Anna Rosevelt.

A reflexão que podemos fazer sobre os diversos povos indígenas é de que cada povo tem suas próprias características tanto física como culturais, religiosas, ora são caçadores, coletores, além de serem agricultores, portando suas escritas ou através de gravuras ou traços rupestres em cavernas assim como, entre outros lugares.

No século XV havia outros povos da América que viviam em “tribos confederadas” e em guerra entre si, como era o caso dos povos tupi e havia grupos nômades que não domesticavam animais. (FUNARI, 2011, p, 44).

Estas visões são passiveis de criticas quando se referem à divisão de tarefas dentre esses diversos povos indígenas, onde o homem tem papel central, mas pesquisas mostram que a mulher também exerce diversas atividades e continuam liderando ações politicas e sociais dentro de suas tribos.

Com um patrimônio grandioso os povos indígenas sendo eles do Brasil ou das Américas constituem uma presença cultural fortíssima.

A trajetória histórica do Brasil e do continente americano tem sido contada a partir de uma visão europeia, cujas explicações são diversas e etnocêntricas. Embora sua relevância e contribuição sejam importantes não se deve deixar cegar em relação às outras partes essenciais da nossa formação cultural, histórica e antropológica, como é o de reconhecer a presença indígena no país.
 (FUNARI, 2011, p, 16). 

Cada povo indígena tem sua concepção sobre a criação do mundo e das origens dos povos, Os povos indígenas, portanto, achavam um jeito de designar essas criaturas que não eram animais, mas que não eram como eles, era apenas parecido com eles. 

Então, ao se referirem aos brasileiros não indígenas, usam termos diferenciados; por exemplo, os Tenetehara (povo do Maranhão e Pará) quando queriam se referir aos não indígenas costumavam chamá-los de “Karaiw” ou de “Caraíba”, palavra que aparece entre outros povos de língua tupi desde o século XVI.


* Nota de rodapé
(FUNARI, 2011, p, 16).  Exemplifica a questão do Brasil a partir da visão europeia e a valorização da cultura brasileira assim como os povos indígenas.


Dentro do período da colonização ou do encontro do novo mundo o europeu não se deslumbrou apenas com os povos que aqui já se encontravam, mas também carregavam um grande interesse nas riquezas que porventura poderiam vir dessas explorações.

O contato com os ditos “civilizados” foram de grandes dores e sofrimentos, pois além de usurpar com as riquezas da terra brasilis os colonizadores escravizavam os indígenas.
Desqualificados como seres humanos, vistos como animais sem alma, bárbaros, demônios e seres indômitos; estava justificada não só a necessidade de sua cristianização, como de sua sujeição à civilização redentora do conquistador.

Neste rastro de genocídios contra os povos indígenas muitos tribos criaram confederações para fazer frente aos estrangeiros como forma de se manterem livres do processo de escravidão e opressão a que estavam submetidos.

Os relatos de resistência e servidão indígenas não param por aqui: no México, Francisco Hernández de Córdoba chegou pela primeira vez, em 1517, com uma expedição, cuja finalidade era a captura dos índios; o próprio Hernández de Córdoba regressou a Cuba muito ferido, morrendo logo depois. Nesta região, havia muita resistência por parte dos indígenas, contra os espanhóis. De acordo com Josefina Coll, outro conquistador, o Cortez, chegou a levar cerca de “508 homens, 16 cavalos, 10 canhões e 4 calubrinas muita pólvora e pelotas”, e no conflito, morreram milhares de indígenas. (COOL, 1986, p.22). 

Como bem disse o padre Anchieta a respeito dos Tamoios em seu relato à coroa portuguesa de que esses índios eram a reencarnação do mal, pois não atendia aos interesses portugueses e nem da igreja, os Tamoios assim como os indígenas mexicanos, formaram também uma confederação com povos diversos, com o objetivo único e claro de combater o colonizador.

Tamanho foi o estrago do enfrentamento, que foi decisivo para que os portugueses começassem a pensar em braços escravos africanos para resolver o seu problema de mão-de-obra na Colônia (VIEIRA, 1949).

* Nota de rodapé
 (COOL, 1986, p.22). Através destes relatos mostra em outros cenários a questão da grande violência  contra os povos indígenas em outras partes do mundo.


Destas lutas e resistências podemos citar os Guaicurus que em suas lutas contra os espanhóis na localização do rio da prata, garantiram geograficamente o que é hoje o nosso estado de Mato Grosso do Sul.



Considerações finais


Antes de mais nada, porque o que chamamos genericamente de população indígena refere-se em realidade de mais de 300 povos distintos ao contrário da população antes da chegada do colonizador pois era superior a de nossa atualidade. 
Cada povo com sua organização social, sua língua e seus costumes, suas crenças e suas tradições. 

Além disso, a condição bastante diversa desses povos, alguns vivendo em reservas demarcadas, outros sequer “aldeados”, outros tantos habitando as cercanias de áreas densamente povoadas, outros com baixo nível de contato com a população não indígena. 

Encontram – se hoje afetados diretamente em suas necessidades, prioridades e demandas com séculos de colonização, expropriação e extermínio desses povos, substituíram no imaginário popular o índio real por uma figura mitológica e caricata ou ora próxima ao bom selvagem rousseauniano, ora remetendo ao ser “incivilizado e perigoso”.



Sander Barbosa Pereira – Licenciado e Bacharel em Letras – UNIDERP
Pós - graduado em Antropologia e História dos Povos Indígenas - UFMS




Referências


MUSSI, Vanderléia Paes Leite. História dos Povos indígenas, ed. Ufms: 2014: Campo Grande – MS.

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